segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Marcus Garvey: opiniões e filosofia 2

"A confiança de nossa raça no progresso e realizações dos outros na expectativa de obter simpatia, justiça e direitos é como depender de uma bengala quebrada, onde o apoiar-se nela significará uma eventual queda no chão... O preto necessita de uma nação e de um país própios, onde ele possa demonstrar da melhor maneira sua própria habilidade na arte do progresso humano. O manter-se espalhado como parte pura e não reconhecida de nações e civilizações diferentes não siginifica mais do que demonstrar sua imbecilidade, e destacá-lo como indigno negligente, incapaz de pertencer à sociedade dos gregos, judeus ou gentios."

"Onde está o governo do homem preto? Onde se situa seu Rei e seu Reino? Onde está seu Presidente, seu país, e seu embaixador, seu exército, sua marinha de guerra, seus grandes homens de negócios?" Não os pude encontrar e então declarei: "Eu ajudarei a fazê-los"

"É tolice nossa acreditar que o mundo endireita-se por acaso. De pende do homem e de Deus endireitar o mundo. Deus age de modo diferente e seu plano e propósito são realizados geralmente mediante a interferência da ação humana. Em sua direta e inspirada profecia Êle prometeu que chegaria o dia da Etiópia, não porque o mundo se modificará a nosso favor, mas por causa dos rogos que dirigimos a Êle. Não se trata de mera prova física, mas dos esfôrço universal e indepente para envolver-nos com a completa glória do homem."

"Não vale a pena alimentar o ódio; êle retorna a ti; portanto, faze de tua História algo elogiável, magnífico e imaculado, de modo que uma outra tua geração não tenha de pagar pela semeadura dos males infligidos as pais dos outros. Ossos da injustiça têm uma outra maneira peculiar de erguer-se dos túmulos a fim de atormentar e zombar dos iníquos"

Pensamentos de Muhammad Ali

" Quando eu parar de lutar, farei muitas coisas nos bairros negros. Temos muitos problemas que precisamos resolver entre nós. Prostituição, drogas e gangs. Também, o auto-conhecimento. Os negros não conhecem a si próprios. Mentalmente somos como os brancos. Os brancos nos fizeram tão parecidos com ele que fica difícil de falar dos negros para os próprios negros. Difícil ensiná-los a se unir, casar entre si e permanencer juntos, porque os negros se parecem com os brancos. Os negros são como os brancos. A lavagem cerebral foi tanta que agora teremos que reprogramá-los, ensiná-los, sobre suas raízes, históricos, nomes, línguas e respeitar (amar) e proteger suas mulheres. Fazer por conta própria. Para de implorar ajuda aos brancos"

"Sim, estou na África. Este é o meu lar. A américa e os americanos que se danem. Moro na América mas o lar dos negros é a ÁFRICA"

domingo, 18 de janeiro de 2009

Hino Universal da Etiópia (África)


Letra de Burrel e Ford - UNIA


I

Etiópia, terra dos nossos pais,
Terra que os deuses se compraziam em habitar,
Como nuvem de tempestade que à noite de repente se forma,
Nossos exércitos correm pata ti.
É preciso vencer a luta.
Quando as espadas são lançadas à luz;
Nossa vitória será gloriosa
Quando conduzida pela bandeira Vermelha, Preta e Verde.


Refrão

Avante, avante rumo à vitória,
Pela liberdade da África;
Avante, enfrentando o inimigo
Com força da bandeira
vermelha, Preta e Verde.

II

Etiópia, está tombando o tirano,
ele cairá a teus joelhos,
E teus filhos chamam
De mares distantes.
Jeová, o Poderoso, nos ouviu,
Percebeu nossas lágrimas e nosso sofrimento,
Com seu espírito de Amor ele nos incitou
A sermos Unidos pelos tempos que virão.

Refrão - Avante, avante, etc

Ó Jeová, Deus dos tempos
Permite que nossos filhos conduzam
A sabedoria que deste aos Teus sábios
Quando Israel tanto precisou
Tua voz se fes ouvir do fundo da obscuridade
A Etiópia te estende a mão
Tu romperás todos os grilhões
E os Céus abençoem a nossa amada pátria.

Refrão - avante, vante, etc.



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Diáspora africana, os caminhos da nossa revolução mundial.
















Os caminhos que percorremos no passado, representam os caminhos da vitória do nosso povo no futuro. Saímos forçadamente para construir o mundo deles, mas que é nosso. O tempo mostrará a toda humanidade que o mundo nos pertence. O mundo pertence ao povo preto. Predominaremos de novo nos quatro cantos do mundo. A vitória é certa, pois o mundo é nosso.

O amor entre nós é a nossa maior riqueza.

"Eis que és bela companheira minha! Eis que és bela! Teus olhos são como os das pombas".

Cân 1:15


"Eis que és belo, meu querido, também agradável. Também, o nosso divã é de folhagem. "

Cân 1:16


"As vigas de nossa grandiosa casa são cedros, nossos caibro são juníperos."

Cân 1:17

O mundo que tenho que te dar.




Poderosa mulher preta, em nome do amor que sinto por você, a coisa mais valiosa que tenho que te dar é o mundo, pois o ventre que me gerou, foi o mesmo que o gerou. O mundo a te pertence, mulher Preta.


sábado, 10 de janeiro de 2009

Por Patrice Lumumba




















“Durante mil anos tu, negro, sofreste como um animal,
tuas cinzas foram espalhadas ao vento do deserto.
Teus tiranos construíram os templos mágicos e brilhantes,
onde preservam tua alma, onde preservam teu sofrimento:
o bárbaro direito dos punhos e o direito branco ao chicote.

De mil anos de padecimentos, surgiu uma força em ti,
na voz metálica do jazz, um grito de libertação desconhecido,
que ressoou no continente como uma marulhada gigante.
O mundo inteiro, surpreendido, despertou aterrorizado
com o ritmo violento do jazz.

O branco empalideceu ante este novo canto,
que carrega tochas purpúreas na escuridão da noite.
Chegou a alvorada, irmão, a alvorada! Olha nossos rostos.
Uma nova manhã desponta na nossa velha África.
Só nossa será a terra, a água, os rios poderosos,
que o pobre negro entregou durante mil anos.

E as resplandecentes luzes do sol brilharão de novo para nós,
secarão as lágrimas em teus olhos e as cusparadas de sua cara.
Enquanto rompes tuas cadeias, os grilhões pesados,
os tempos malvados e cruéis irão para não voltar mais.
Um Congo livre e bravo surgirá da alma negra.
Um Congo livre e bravo, o florescer negro, a semente negra!”

O Poder Preto: cerne da revolução africana




















Como pode um grande povo aceitar a condição de protagonista do seu próprio processo existêncial? Como pode uma raça explendorosa lutar por um longo período de tempo só para poder ser aceita por uma outra raça, que lhe é inferior? Como pode um povo que fundou o mundo aceitar para si a condição de subservientes e passivos? Como pode o povo preto ficar tão obsecado para se tornar igual ao branco, ao ponto de negar a si mesmo e a toda sua história gloriosa, em busca de afeição e compaixão?

O povo preto precisa se encontrar enquanto nação africana. O povo preto precisa acreditar mais em seu próprio potencial. Nossa gente precisa descobrir o melhor que há em si. Precisamos explorar o nosso melhor. Precisamos dar o nosso melhor. Precisamos olhar mais para dentro de nós mesmo. Precisamos nos deparar mais com as nossas próprias problemáticas e dificuldades internas. Precisamos nos deparar com nossas fraquezas, enfrentá-las e vencê-las. Precisamos construir a nossa auto-suficiência enquanto povo. Precisamos tentar resolver o máximo que pudermos dos nossos problemas sem a intervaçãos dos brancos, sem o seu auxílio e sem sua hipocrisia humanitária.

O povo preto precisa renascer das cinzas do fracasso histórico. Precisa resurgir para a vitória coletiva e para o protagonismo que lhe é próprio e peculiar. Precisamos ser os senhores do nosso próprio destino. Precisamos andar como uma raça que protagonizou as coisas mais potentes e significantes para história da humanidade. O povo preto necessita urgentemente descobrir que sem o seu protagonismo na história mundial é impossível a sua vitória. Precisa entender que se todo o foco da nossa luta for direcionada para interpelar a consciência branca, e não a elevação da consciência preta, e a concretização do Poder Preto, estaremos fadados a viver neste eterno fracasso e dependência.

O estabelecimento do Poder Preto deve ser o objetivo da nossa raça. A construção da nossa auto-determinação política e econômica deve constituir a verdadeira luta pela libertação do nosso povo. Precisamos condicionar as nossas ações, e seu foco, para o advento do Poder preto. A única saída vitoriosa para o povo africano do mundo é o estabelecimento de uma estrutura de Poder que nos possibilite caminhar pelo nosso próprio destino como queiramos trilhar. Precisamos andar com nossas próprias pernas pelos caminhos que queiramos andar, e não por aquele indicado pelos nossos algozes. O Poder Preto é saída. A solução é a auto-determinação dos povos africanos. É o nosso reencontro com a verdadeira liberdade: o protagonismo. A liberdade de fazer, e ter condições de fazer, por si só, tudo o que as outras raças fazem por elas mesmas.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Um amor! Um povo! Um destino! One Love! One People! One Destiny!















O amor é elemento essêncial para reconstrução do povo preto. O amor é o fundamento da nossa revolução. Amemo-nos! Unifiquemo-nos e Libertemo-nos através do amor.

Pensamentos de Malcolm X - Auto-biografia


"Historicamente, os brancos sempre foram assim em relação aos pretos, podemos estar com eles, mas jamais fomos considerados iguais a eles".



"Os brancos podem ficar do nosso lado nas questões pequenas, mas jamais nas fundamentais"



"Suportar toda aquela dor, literalmente queimar minha carne só para fazer com que meus cabelos ficassem parecendo com os de um branco. Eu me juntava à multidão de homens e mulheres negras que sofreram uma lavagem cerebral tão grande até acreditarem que os pretos são inferiores - e os brancos superiores - e que devem até mesmo violar e mutilar os corpos que Deus criou para tentarem parecer "bonitos" pelos padrões dos brancos. Assim como para qualquer mulher preta, digo ao homem preto que se dessem ao cerebro em sua cabeça só a metade da atenção que dão aos seus cabelos, estariam mil vezes mais humanos."



"Muitos negros da chamada classe superior estão tão convencidos em impressionar os brancos, mostrando que são "diferentes" dos outros, que não percebem que estão ajudando o homem branco a manter sua opinião desdenhosa a respeito de todos os negros."



"Linda mulher preta! O homem preto sai por aí dizendo que quer respeito. Pois bem: o homem preto jamais conseguirá respeito de ninguém antes de aprender primeiro a respeitar suas própias mulheres! O homem preto precisa hoje se levantar e se livrar das fraquezas que lhe foram impostas pelo senhor de escravo branco! O homem preto precisa hoje começar a defender, proteger e respeitar as suas mulheres!"



"O homem branco quer que os homens pretos permaneçam imorais, depravados e ignorantes. Enquanto permanecermos nessas condições, continuaremos a suplicar, e o homem branco nos controlará. Jamais poderemos conquistar liberdade, justiça e igualdade enquanto não estivermos fazendo por nós mesmos."


"Uma coisa que o homem branco jamais poderá dar ao homem preto é o auto-respeito! O homem preto nunca poderá se tornar independente e reconhecido como um ser humano realmente igual aos outros enquanto não possuir o que os outros têm, até que esteja fazendo por si mesmo o que as outras raça estão fazendo por elas própias."



"Meus irmãos e irmãs pretos, ninguém jamais saberá quem nós somos...até nós sabermos quem somos! Nunca seremos capazes de ir a qualquer lugar, se não soubermos onde estamos."



"Como membros de organizações pretas, geralmente a própria presença dos brancos sutilmente torna as organizações pretas automaticamente menos eficazes. Mesmos a presença dos "melhores" homens brancos dificulta a descoberta pelos negros do que precisam fazer e particularmente do que podem fazer...por si mesmos, trabalhando em sua própia espécie, em suas própias comunidades.



"As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos."



"São capazes de imaginar o que pode acontecer, o que certamente aconteceria, se todos os povos de origem africana compreendessem algum dia que possuem vínculos de sangue, se compreendessem que todos possuem um objetivo comum....e que não teriam a menor dificuldade em alcança – lo se se unirem."



“Fisicamente os afro-descendentes podem permanecer no Ocidente, lutando por seus direitos constitucionais, mas filosófica e culturalmente precisam desesperadamente votar para África e desenvolver uma unidade ativa na estrutura do pan-africanismo.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Pela Unidade e Libertação Preta

Apesar da crescente tomada de consciência, pelo povo negro, da necessidade de autonomia do movimento negro no Brasil, ainda é vergonhosa a situação de dependência que existe entre as organizações negra e o chamado “Poder Branco”. A submissão aos interesses dos partidos políticos e do Estado, e a limitação imposta pelos mesmos às nossas organizações, não só legitima o paternalismo branco, como também legitima a ideologia de que “os(as) negros(as) não possuem sabedoria suficiente para buscar e trilhar, sozinhos(as), os caminhos solucionadores dos seus problemas”.Ainda, essa maldita dependência e subserviência ao “Poder Branco” é um grande empecilho para construção das bases de sustentação da nossa unidade racial. Pois a regra utilizada historicamente pelos nossos opressores é a de “dividir para governar”, ou seja, nos dividir para nos governar. Daí, surge uma pergunta: como poderemos construir as bases de sustentação da nossa unidade racial se estamos divididos e submissos aos interesses dos partidos políticos e, quando não, do Estado?

O que vemos e vimos, neste país, são tentativas frustradas de construção da chamada unidade negra, pois o chamado “Poder Branco” coopta nossas lideranças e militantes para suas fileiras, fazendo com que estas submetam todos os planos, projetos e sonhos de desenvolvimento da nossa comunidade aos interesses daquele, recebendo estes, em troca, as migalhas, os restos e a falsa sensação de participação no poder daquele.É tão vergonhosa a submissão das organizações do movimento negro que chegamos a ponto de excluirmos uns aos outros por causa dos interesses partidários e a necessidade de sermos reconhecidos e legitimados, pelo “Poder Branco”, como verdadeiros representantes da comunidade negra. Assim, surge uma outra pergunta: como podemos confiar nessas organizações e lideranças negras vendidas aos interesses do “Poder Branco”, se eles não possuem autonomia e liberdade nas suas ações para defenderem os interesses do povo negro ?

Infelizmente, no Brasil, a situação sócio-econômica e identitária da população negra são caóticas, também, por causa da omissão e subserviência das organizações e lideranças negras, que submetem nossos planos de libertação aos interesses dos algozes do povo negro.A realidade da nossa gente hoje exige muito mais do que discursos apaixonados e inflamantes. Necessário se faz traçarmos novos caminhos em direção a nossa autodeterminação enquanto povo, como também, de ações revolucionárias que coloque em choque a estrutura de poder vigente sobre nós.Veja o que disse o escritor negro afro-norte-americano James Baldwin: “Tente imaginar se uma bela manhã você despertasse e vi-se o sol brilhando e as estrelas a rutilarem, você se assustaria, por que isso está fora da ordem da natureza. Qualquer alteração brusca no universo é terrificante por atacar profundamente a sensação da nossa própria realidade. O preto tem funcionado no mundo do homem branco como uma estrela fixa, uma pilastra imóvel, no que ele se desloca de seu lugar, céus e terras são abalados nos seus alicerces”.

Contudo, acredito fielmente que nós, negros e negras, que possuímos um verdadeiro sentimento da necessidade de libertação do nosso povo da opressão racial, não devemos desistir do nosso sonho de construirmos uma comunidade negra unida, forte, autônoma e auto-suficiente. Devemos continuar a acreditar, incondicionalmente, no nosso potencial transformador e revolucionário para superar nossos próprios problemas, pois os irmãos e irmãs “vendidos(as)” ao “Poder Branco” serão julgados(as) pela sua própria consciência e condenados pelas suas próprias ações. Como pan-africanista e seguidor do nacionalismo negro, sigo a linha de militância que afirma que “nós negros e negras estamos por nossa própria conta”. Que ninguém, a não ser nós mesmos, tem o verdadeiro compromisso pela causa de libertação da nossa gente.

Por fim, vou finalizando este presente escrito transcrevendo abaixo uma história de libertação do educador africano James Aggrey, que se encaixa perfeitamente com o contexto histórico que vivemos.A águia e a galinha:

“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa.Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: - Esse pássaro aí não é galinha.É uma águia. – de fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.– Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou: - Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! – Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: Águia, já que você é uma águia, abra suas asas voe! Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.O camponês sorriu e voltou à carga: - Eu lhe havia dito, ela virou galinha!- Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia.Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar. No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha.O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou... voou até confundir-se com o azul do firmamento...”

Essa estória evoca dimensões profundas do espírito de superação, indispensáveis para o processo de realização humana: o sentimento de auto-estima, a capacidade de dar a volta por cima nas dificuldades quase insuperáveis e a criatividade diante de situações de opressão coletiva que ameaça a esperança das pessoas.James Aggrey tinha razão: cada negro(a) tem dentro de si uma águia. Ela quer nascer. Sente o chamado das alturas. Busca o sol. Por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que habita dentro de cada um de nós.Amor e Liberdade ao povo preto. Vamos trabalhar verdadeiramente pela superação dos problemas que afetam nossa gente. Não vamos desistir nunca. Isso nos mantém vivos, pois como diria Steve Biko: “Ou você está vivo e orgulhoso, ou você está morto”. Quantos irmãos e irmãs estão mortos (as) ?


Por uma consciência pan-africana

A história negra contra a dominação branca em todo o mundo sempre trilhou por dois caminhos. Ou o caminho da integração do povo negro na sociedade dominante (branca), ou o caminho pela libertação do povo negro desta sociedade (autodeterminação racial). Este último caminho é o que caracteriza elementarmente a história do internacionalismo negro, ou, em outras palavras, do pan-africanismo.

No Brasil, as ações racistas da elite branca sempre foram de controlar a nossa comunidade, tanto fisicamente (através do extermínio e da miscigenação compulsória), quanto ideologicamente. Assim, é que as ideologias libertárias do povo preto, oriundas do movimento pan-africanista, sempre foram controladas pelos brancos para não permearem solo brasileiro e influenciarem diretamente a luta do povo preto, visto que aqui existe uma imensa maioria de pessoas de origem africana, podendo assim incentivar estas a uma tomada de posição ideológica e política com vistas à concretização de um estado nacional negro.

A ação racista dos brancos, através do poder de controle ideológico, chegou influenciar significativamente os rumos ideológicos do movimento negro aqui no Brasil, sendo que a nossa referência de luta, em uma intensidade extraordinária, devida em parte a manipulação branca, está no movimento integracionista negro oriundo da história dos “Direitos Civis” dos irmãos e irmãs nos Estados Unidos, sendo raras as organizações e militantes que compreendem a questão racial de forma diferente. O controle ideológico por parte dos racistas não permitiu a difusão maciça, no seio "afro-brasileiro”, do outro lado ideológico da nossa luta internacionalista. Por isso, as ideologias da autodeterminação consciente (libertação negra), da auto-gestão negra (a comunidade negra fazendo por ela mesma e criando suas instituições sociais), do internacionalismo negro (solidariedade e unidade negra mundial) e do Poder Negro, surgidas no seio do movimento negro contemporâneo, sempre foram boicotadas.

Por conseqüência desse boicote ideológico patrocinado pelos racistas, e pela sua investida em direcionar ideologicamente nossa gente pelo caminho da submissão, acredito que o(s) movimento(s) negro(s) no Brasil, no geral, só trilha por um caminho: o da legitimação do Poder Branco e da consolidação do sistema branco de exploração do homem pelo homem. A reprodução dos discursos de uma democracia anti-revolucionária, de concepção branco-dominante e burguês-exploratória, no nosso meio, é um elemento alienante das nossas lideranças e organizações, que acreditam ingenuamente que só por uma interpelação moral aos “donos do poder” iremos modificar as estruturas básicas das relações humanas da sociedade capitalista, criando uma sociedade justa e equilibrada.Esse discurso de “busca por uma democracia perfeita”, onde todos os grupos sociais teriam oportunidade na sociedade e no poder estabelecido, que se abate sobre toda comunidade, nada mais é do que uma nova ideologia de dominação para alienar e sufocar os movimentos subversivos, pois as pessoas estão cerceadas pela ideologia de que vivemos numa sociedade democrática onde as leis e o estado garantirão o bem comum.

Mas como sabemos, o estado é feito por homens, e estes são alimentados pela ideologia da exploração do homem pelo homem, utilizando-se dos aparelhos daquele para promover a supremacia e dominação dos históricos opressores. Assim, os algozes preferem difundir “a ideologia da esperança”, ou seja, “da democracia perfeita”, na consciência dos oprimidos, para confortar os seus corações, para depois agirem contrariamente ao que é pregado ideologicamente, consolidando novos mecanismos de dominação e exploração, enquanto os grupos oprimidos acreditam que no futuro as coisas vão melhorar para todos dentro deste modelo de sistema enganador.Por isso, penso que nós não devemos sustentar mais estes discursos. Consequentemente, devemos nos livrar das ações que concretizam esses ideais. Em contraponto, precisamos dar um novo redirecionamento ideológico para o(s) movimento(s) negro(s), para que possamos ter alternativas de lutas viáveis, e que possibilitem de fato a melhoria de todas as pessoas pretas. Assim, indico o pensamento pan-africanista como uma alternativa ideológica para trilharmos o caminho da construção de uma verdadeira sociedade democrática e justa para todos. Marcus Garvey no ensinou que: “a confiança de nossa raça no progresso e realizações dos outros na expectativa de obter simpatia, justiça e direitos é como dependermos de uma bengala quebrada, onde o apoiar-se nela significaria uma eventual queda no chão”. E complementa: “no dia que a raça negra descobrir o poder que tem, a força que possui, no dia seguinte este mundo estará mudado”.

A meu ver, a falta de uma consciência pan-africanista é um dos grandes entraves para concretização de um movimento negro de massas no Brasil e que agrupe em seu seio uma ideologia de luta anti-racista libertária. O desconhecimento da ideologia pan-africanista não representa apenas o desconhecimento formal do movimento internacionalista negro, mas, acima de tudo, o desconhecimento das histórias de lutas dos povos de origem africana pela libertação racial em todo globo.Um dos vários símbolos de luta libertária pan-africanista que consolidou de fato suas ideologias foi à formação, em toda a história negra contra a escravidão, dos quilombos. Estes não só representavam comunidades de negros e negras fugidos como nos ensina a ideologia educacional branca. Acima de tudo, as formações de quilombos representaram à negação do sistema opressor, a não submissão à exploração do homem pelo homem, ou seja, a não submissão dos povos negros a exploração branca.Ainda, os quilombos, como símbolo de resistência e ação pan-africanista, significaram um processo de ruptura com o modelo político, social e econômico injusto dos brancos e o restabelecimento de um modelo político, social e econômico que satisfizessem as necessidades das massas negras (poderíamos afirmar que aqui existiu a primeira experiência do comunalismo negro).

Ainda, a história quilombola representou a consolidação dos princípios da solidariedade e unidade negra com vistas à liberdade racial, pois a partir daí as gentes negras possuíam “em suas mãos” o poder de controlar seus próprios destinos. Um olhar interpretativo, não contaminado com o racismo ideológico branco, dos movimentos quilombolas ao redor do mundo, nos permite compreender que ninguém além de nós mesmos, negros e negras, devemos e podemos fazer algo por nós mesmo, e consequentemente transformar nossas condições de vida na sua essência através da nossa auto-determinação consciente.Que o povo preto não deve esperar por uma interpelação moral e espiritual aos seus algozes para abolir e livrar-se de um sistema explorador que os predestina à eterna subserviência e escravidão. A consciência pan-africanista permite-nos adquirir um auto-respeito, uma auto-imagem positiva, uma noção de pertencimento completo ao povo negro, sem os vícios do nacionalismo imposto.Ainda, permite-nos sermos criativos diante de uma dificuldade aparentemente insuperável.

A ideologia pan-africana é a ideologia da solidariedade e unidade internacional negra, do poder negro, da liberdade e do amor incondicional ao povo preto espalhado por todo o mundo. O pan-africanismo não é coisa do passado e romantismo histórico. É um movimento consciente de um povo que reconhece seu grandioso poder de realização, sua grandiosa história de contribuição para a criação desenvolvimento das civilizações humanas. Encerro este artigo transpondo o pensamento de um dos maiores pensadores pan-africanos, Stanislas Adotevi, que destacava “que a particularidade negra é que, entre todos os explorados, os negros foram os mais explorados: o que o negro produz em seu trabalho reproduz a sociedade dos outros, mas não lhe é retribuído para viver plenamente sua dignidade (...). Não há como tratar de nenhuma particularidade negra fora desta particularidade histórica. Sendo a história e identidade do homens intrinsecamente vinculados, a identidade negra constrói-se historicamente, e historicamente deve ser compreendida.Contudo, os negros devem tornar-se sujeitos históricos que mudem o curso da história vivida, em que foram reduzidos a erro, objeto em processos de exploração e opressão que marcam sua particularidade. A única possibilidade que o negro tem é de ser ele para ele próprio, de adquirir sua identidade, que repousa na necessidade que tem de produzir os meios de realização de sua própria história.Ainda, acrescenta ele:” A posse de si, por si mesmo, que ele busca na particularidade, deve impulsioná-lo a exigir uma ação que coloque fim ao sistema histórico que o tem situado fora da história. O reconhecimento da identidade negra passa necessariamente pela reapropriação prática de sua essência de homem e, naturalmente, pela destruição do sistema que o tem negado enquanto homem... A tomada de consciência do negro deve significar uma mudança do curso das coisas. Uma nova interpretação da cultura. “Uma orientação nova da existência: uma revolta consciente”.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Em defesa da família preta - A base da reconstrução africana





































A família preta é a organização essencial e fundamental da comunidade africana. É através do seio familiar que nós preservamos a herança, a cultura, a história e a integridade do nosso povo. A reconstrução da família preta é sinônimo de reconstrução da comunidade preta dilacerada pelo racismo e supremacismo branco. O núcleo familiar é cerne da revolução preta.





Africa unite - Africa Unida - Bob Marley

Africa una-te, porque temos que sair da babilônia (mundo branco) e estamos indo para terra (África) de nosso Pai (Deus). Como seria bom e agradável diante de Deus e do homem ver a unificação de todos os africanos, como já deveriamos ter feito. Nós somos as crianças do Rastaman (Jah). Nós somos as crianças do homem mais elevado, portanto África una-te porque nossas crianças querem vir para casa.

Portanto África una-te, porque estamos saindo da babilônia e estamos trilhando em direção a terra do nosso Pai. Como seria bom e agradavel diante de Deus e do homem ver a unificação de todos os africanos, como já deveriamos ter feito. Eu digo que nós estamos abaixo do sol, nós somos as crianças do Rastaman, nós somos os filhos do homem mais elevado, portanto Africa una-te. Una-te para o beneficio de seus povos. Una-te, pois esta mais tarde do que você pensa.

Una-te para o beneficio de suas crianças. Una-te, pois esta mais tarde do que você pensa. África espera seus criadores, África esta esperando seus criadores, África, você é meu antepassado fundamental, una-te para os africanos estrangeiros, una-te pelos africanos de longe da África (africanos da Diáspora).

Povo Preto - Povo Escolhido

Mais vós sois raça escolhida, sarcedócio real, nação santa, povo para propriedade especial, para que divulgueis as excelências daquele que vos chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. Porque vós, outrora, não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; vós éreis aqueles a quem não se mostrara misericórdia, mas agora sois a quem se mostrou misericórdia.

1Pd 2: 9