sexta-feira, 21 de junho de 2013
Pela Revolução de milhões de homens e mulheres pret@s no Brasil
Eu
continuo a dizer, não concordo com essas manifestações. Não me representam. Sabe, nós temos um coisa
interessante, nós pretos eu falo. Somos incapazes de aceitar o tempo. Talvez o
nosso tempo. Somos incapazes de esquecer de algumas coisas por um tempo. De
deixa-las de lado para cuidar do nosso interior. Do interior do nosso povo.
Adoramos ser conduzidos e sempre acreditamos nos processos que são estabelecidos
pelos outros. A questão, de novo, é que não
posso aceitar esse tempo. Essa loucura que está aí nas ruas. Não falo de minha
história individual. Falo da história de um povo enfraquecido que foi
fortalecer uma luta "de todos" e quando parte desse todos resolveu
parte de sua problemática, nos deu as costas e nos ferramos.
Me diz quais são os legados, do passado, que restaram para nosso povo quando
nos juntamos com "esse todos" aí? Diz prá mim. Fala-se em dar visibilidade a questão racial.
Não entendo o que querem dizer quando dizem que querem que se
der visibilidade a questão do racismo e tal. Ontem, o movimento negro foi as
ruas com faixas e bandeiras. É isso que se chama de visibilidade? Se for por
causa da tv, pelo amor né! A mídia só fala em corrupção, saude, educação, etc.
e tal. E assim sempre o fará. O que querem dizer com dar visibilidade?
Sabe, eu não acredito nessa de todos. No entanto, que a questão a ser
discutida por mim não parte de uma
lamentação pelo fato de os pretos não estarem lá. Até porque, aqui em salvador
somos maioria nessas manifestações. A
questão passa pelo conceitual. Por exemplo, quando se fala de segurança
publica, por exemplo, qual e a segurança publica que esse "todos"
querem? Não estou mais para perder tempo fortalecendo
aquilo que se diz que são pontos em comum a "todos". Estamos a 500
anos, nessa aí e nada muda. Muda-se as conjunturas e estamos lá, brigando por
aquilo que atinge a todos e no final, nos esquecem e nós esquecemos de nós mesmos.
A maioria dos negros pensam como os
brancos. Por exemplo, no quesito segurança pública eles querem: redução da
maioridade penal, mais UPPs e presídios, policia mais armada. A maioria dos manifestante pensam assim. É
agora que vamos disputar esse espaço para conquistar essa maioria é? É agora
que temos que estar lá para conquista os nossos é? Não é este o nosso tempo,
acredito. Isso não é lamento, é
pensamento. O mais fácil seria estar lá, com todos vocês, pois assim iria dar
um alivio a minha consciência. Mas agora, não é a hora de aliviar a consciência.
Nossas cabeças tem que explodir cara. Não podemos conter a revolta agora. O
nosso momento não é agora. Não podemos perder nossas forças agora. Gastar nossa
energias. Precisamos trabalhar o nosso
interior, no nosso tempo. Qual o problema disso? O povo preto está
precisando de cura espiritual e mental, mais do que “curas” materiais. Hoje,
vejo que esta é nossa necessidade mais urgente de verdade. Mais, nesse jogo sujo, aprendemos a correr no tempo deles e a se
preocupar tanto quanto eles naquilo que
afligem a todos, quando esse todos na realidade nem existe. É por isso que
tenho escrito, não posso estar junto com
meu inimigo hoje nas causas comuns e amanhã ter que lutar contra ele nas causas
incomuns. Daí, é necessário sair as ruas somente naquela onda que Mano Brown
falou: “Ou melhora tudo de vez ou piora tudo de vez”
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