sexta-feira, 21 de junho de 2013

Precisamos de líderes libertários

Se as idéias desses caras - Louis Farrakhan e Marcus Garvey - fossem compreendidas e vivenciadas, de fato, por 2/3 somente dos pretos daqui, não iria demorar para aí sim fazermos o verdadeiros Brasil acordar. Quero lutar dentro da realidade racial, pois "utopicamente" quero uma libertação do racismo.

Pela revolução de verdade

Não tenho nada contra o mérito dessa "revolução" que está aí. É justo se lutar contra a injustiça sempre. No entanto, não posso perder de vista que sou um homem preto e que as lutas que o nosso povo preto tem que travar tem que ser dentro de uma perspectiva de luta pela libertação racial. Não tem nada que venha se discutir nesse país que não caiba uma discussão sobre o impacto do racismo nas questões, inclusive econômica e social, do povo preto. Eles falam que querem construir um país justo e igual agora, mas eles não querem discutir e enfrentar a problemática racial. Eles querem uma nova nação, mas não nos querem comandando e reiventando essa nova nação. Como posso me juntar aos "amigos" de agora que serão meus inimigos depois?

Sobre as manifestações no Brasil - 21 / 06 / 2013

Para mim, essa "revolução" toda é daqueles que comem e que estão com medo de se tornar igual a aqueles que não comem.

Preto pelo Preto

Não quero ser um ponto preto no papel branco. Quero ser o papel preto sem o risco branco. 
Não quero minha voz preta sufocada pela voz do branco. Quero minha fala livre da opressão do caucasiano. 
Não quero ser conduzido pelos brancos. Quero-os longe de mim, levados eles pelo demônio.
Não luto para ser igual aos brancos. Da brancura adoecir e agora estou me sarando.
Não me lamento e nem imploro nada ao branco. O meu Deus é preto e a liberdade meu anjo.
Não desejo ser coadjuvante de nenhum branco. Protagonismo preto para um mundo mais humano


FILME GET ON BUS - TODOS A BORDO - SPIKE LEE

Este filme de Spike Lee, Todos a Bordo, sobre a Marcha de 1 Mihão de Homens Pretos, é o que representa para mim o que seria uma manifestação de verdade. Assistam! É educador e inspirador.

Golpeando o inimigo



O tempo não volta, sei disso. Mas se voltasse, queria que fossemos transportados para época da escravidão. Acredito que teriamos menos dúvidas e mais certezas.

Essa "revolução" não é do povo preto

Toda manifestação tem seus líderes. Tem seus cabeças pensantes. Tem seus própositos e objetivos, e muitos desses própositos e objetivos são de desconhecimento da maioria que se juntam na euforia, com gritos de guerra sem fundamento político e ideológico. Não sou massa de manobra. Não sou massa de bolo, muito menos! Quem me conhece sabe, não falaria todas essas coisas por falar. Sou um homem político e isso se estende para toda a extensão da minha vida. Agora, não me venham com essa de "revolucionários" agora, justamente agora que o "carnaval político" começou. Quando a "bomba" estorou, fui buscar os motivos do porque ela estorou. Trabalho de investigação para ter conhecimento de causa. Quando vi eles na frente. Quando vi seus própositos, eu disse, são os velhos "revolucionários" da época da ditadura incorporados nessa juventude. Eu me perguntei, toda luta tem que deixar um legado. Nessa luta, qual será o legado para o meu povo? Para o povo preto, que sofre com o maior problema social, econômico e político, fundamento das desigualdades desta nação, que é o racismo? Qual o legado dessa luta? Sabe, nossa diferença é que eu penso a partir da minha história. Eu não acredito que o ápice dos desrespeitos aos direitos humanos no Brasil se deu na ditadura. Meus ancestrais escravizados continuam oprimidos com essa mentirada. Meus ancestrais continuam oprimidos com essa onda de manifestar-se no sentido de mudar o maquinista de um trem que tem tem destino consolidado. O poder de mudança começa no pensar e agir de acordo com uma consciência política que se acredita real. Eu tenho ideologia, por isso, sou sonhador. Não me venha dizer que criar novos espaços nessa estrutura de poder que estão aí, do tipo, conselho municipal de transportes e etc. vai mudar o rumo de um país que não quer meu povo em seu novo projeto. Eu tenho ideias e ações. Não tenho euforia. Não tenho romantismo. Não tenho caridade. Tenho o dia-a-dia. E isso é vida e a melhor ideologia

Pela Revolução de milhões de homens e mulheres pret@s no Brasil

Eu continuo a dizer, não concordo com essas manifestações.  Não me representam. Sabe, nós temos um coisa interessante, nós pretos eu falo. Somos incapazes de aceitar o tempo. Talvez o nosso tempo. Somos incapazes de esquecer de algumas coisas por um tempo. De deixa-las de lado para cuidar do nosso interior. Do interior do nosso povo. Adoramos ser conduzidos e sempre acreditamos nos processos que são estabelecidos pelos outros. A questão, de novo,  é que não posso aceitar esse tempo. Essa loucura que está aí nas ruas. Não falo de minha história individual. Falo da história de um povo enfraquecido que foi fortalecer uma luta "de todos" e quando parte desse todos resolveu parte de sua problemática, nos deu as costas e nos ferramos. Me diz quais são os legados, do passado, que restaram para nosso povo quando nos juntamos com "esse todos" aí? Diz prá mim.  Fala-se em dar visibilidade a questão racial. Não entendo o que querem dizer quando dizem que querem que se der visibilidade a questão do racismo e tal. Ontem, o movimento negro foi as ruas com faixas e bandeiras. É isso que se chama de visibilidade? Se for por causa da tv, pelo amor né! A mídia só fala em corrupção, saude, educação, etc. e tal. E assim sempre o fará. O que querem dizer com dar visibilidade? Sabe, eu não acredito nessa de todos. No entanto, que a questão a ser discutida  por mim não parte de uma lamentação pelo fato de os pretos não estarem lá. Até porque, aqui em salvador somos maioria nessas manifestações.  A questão passa pelo conceitual. Por exemplo, quando se fala de segurança publica, por exemplo, qual e a segurança publica que esse "todos" querem? Não estou mais para perder tempo fortalecendo aquilo que se diz que são pontos em comum a "todos". Estamos a 500 anos, nessa aí e nada muda. Muda-se as conjunturas e estamos lá, brigando por aquilo que atinge a todos e no final, nos esquecem e nós esquecemos de nós mesmos.  A maioria dos negros pensam como os brancos. Por exemplo, no quesito segurança pública eles querem: redução da maioridade penal, mais UPPs e presídios, policia mais armada.  A maioria dos manifestante pensam assim. É agora que vamos disputar esse espaço para conquistar essa maioria é? É agora que temos que estar lá para conquista os nossos é? Não é este o nosso tempo, acredito.  Isso não é lamento, é pensamento. O mais fácil seria estar lá, com todos vocês, pois assim iria dar um alivio a minha consciência. Mas agora, não é a hora de aliviar a consciência. Nossas cabeças tem que explodir cara. Não podemos conter a revolta agora. O nosso momento não é agora. Não podemos perder nossas forças agora. Gastar nossa energias.  Precisamos trabalhar o nosso interior, no nosso tempo. Qual o problema disso? O povo preto está precisando de cura espiritual e mental, mais do que “curas” materiais. Hoje, vejo que esta é nossa necessidade mais urgente de verdade.  Mais, nesse jogo sujo,  aprendemos a correr no tempo deles e a se preocupar tanto quanto  eles naquilo que afligem a todos, quando esse todos na realidade nem existe. É por isso que tenho escrito, não posso estar  junto com meu inimigo hoje nas causas comuns e amanhã ter que lutar contra ele nas causas incomuns. Daí, é necessário sair as ruas somente naquela onda que Mano Brown falou: “Ou melhora tudo de vez ou piora tudo de vez”